Meios Sem Fins
Uma falha arquitetônica
Primária é uma
Constante aproximação
Sistematizada a um
“maravilhoso” mundo de
caos total
Gordon Matta-Clark
Na exposição “Meios sem fins”, o artista Rafael Prado utiliza diferentes fontes e imagens prolixas para explorar seus discursos. Fios condutores diversos se entrecruzam, estabelecendo o seu vocabulário. O artista utiliza a pintura – uma linguagem cujos gestos constroem, desconstroem e se sobrepõem aos gestos anteriores – apresentando, na superfície da tela, toda a temporalidade construtiva de sua narração.
Em sua pesquisa, o artista se utilizou do projeto de Brasília como um ponto central. A cidade de Brasília representava uma ilusão, uma utopia, uma terra livre dos males. Em suas imagens, o artista explora esse cenário de ascensão e decadência, que rapidamente desmoronou.
O interesse na imagem dos profetas do artista brasileiro Alejadinho justifica-se no conceito da figura de messias, da corporificação do restaurador da ordem, da eterna expectativa de alguém que traga a salvação e garanta a felicidade. Uma aura messiânica é sugerida no espaço luminoso e espiritual de um céu dourado.
Um batalhão de homens espera por um sonho, e acaba trazendo o carnaval e a guerra. A “barbárie extrema” convive com a “civilização extrema” e aparecem como igualmente válidas no plano estético e no plano histórico. Os sonhos formidáveis de um último espetáculo confrontam-se com um cenário nebuloso. As intenções reais se confundem, contribuindo ainda mais para o caos. A ideia de quimera é inevitável.
“Meios sem fins” cria, através de pinturas, num conjunto de planos esparsos e fragmentados, a construção de um cenário instável, uma metáfora onde os fins não mais são tão claros e não se justificam em si; onde a política surge como o vazio comunicativo, onde o espaço expositivo está aberto a diversas interpretações e narrativas.
Rafael Prado
Texto para a exposição Meios sem Fins no Centro de Artes Pro Arte, Teresópolis RJ